Outro exemplo de quantidade levando a mudanças de qualidade.

“Kauffman começou a brincar com jogos matemáticos simples projetados para imitar a interação de moléculas de diferentes tipos na Terra primitiva, e fez uma descoberta intrigante. Algumas moléculas atuam como catalisadores — ou seja, agem para acelerar as interações químicas entre outras. Moléculas do tipo A, por exemplo, podem aumentar significativamente a taxa com que os tipos B e C se unem para criar o tipo D. Kauffman estudou redes aleatórias de moléculas interativas. Se o número de tipos dessas moléculas fosse pequeno, ele não encontrava nada de excepcional na química da sopa. Mas, à medida que aumentava esse número, ele descobria que inevitavelmente surgiria na rede o que chamou de ‘conjunto autocatalítico’. Trata-se de um subconjunto de moléculas que consegue se erguer pelos próprios cadarços. A molécula A pode ajudar a catalisar a produção de D; D pode ajudar a produzir E ou F, que por sua vez catalisariam C e G, e assim por diante. No fim das contas, bem adiante na cadeia, Y e Z poderiam catalisar A e B e completar a conexão, de modo que cada molécula seria catalisada por alguma outra. Se um ciclo de retroalimentação positiva como esse surgisse em uma coleção de moléculas, as concentrações de todos os membros do conjunto autocatalítico disparariam. A descoberta impressionante de Kauffman foi que a existência de tais ciclos era absolutamente certa se o número de tipos de moléculas na sopa fosse suficientemente grande. E esse número não precisava ser muito alto. Uma mistura molecular apresenta uma transição natural de um comportamento entediante para um comportamento fascinante à medida que cresce o número de tipos de moléculas. Essa transição forma a base de uma teoria completamente nova, segundo a qual a origem da vida não é improvável, mas inevitável.”

(de “Ubiquity: Why Catastrophes Happen (English Edition)” por “Mark Buchanan”). https://amz.onl/63TqOeY.


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