Sobre o progresso histórico e o saudosismo.

Por mais que pareça óbvio, temos que afirmar que as sociedades humanas evoluem para uma situação melhor do que a atual. Cada pequena adição nesse processo acaba levando a uma mudança qualitativa que, geralmente, culmina em uma revolução social, como podemos observar nas diversas ocasiões em que isso aconteceu na história.

O que me levou a escrever este pequeno texto foi o filme Midnight in Paris (2011), do Woody Allen — geralmente não é essa a motivação que encontro para escrever um texto sobre a dialética, mas, estranhamente, me senti impulsionado a escrever sobre isso depois de tê-lo assistido. O enredo do filme trata do bem conhecido sentimento que algumas pessoas têm de que uma época anterior seria mais adequada para elas — mais interessante e mais bonita. Eu mesmo já tive pensamentos assim e considero que, hoje, estava enganado.

Acontece que, como até mesmo retratado no filme, as sociedades atuais são qualitativamente superiores às sociedades passadas. Estou escrevendo em um computador moderno, usando uma das ferramentas mais fantásticas já criadas, chamada internet, para transmitir estes pensamentos, e minha expectativa de vida é maior graças a essa causa material bem palpável. Ao mesmo tempo em que escrevo, consulto uma das ferramentas mais poderosas já criadas pelos seres humanos — a base de dados — e não “inteligência artificial”, como muitos querem nos vender (a melhoria está somente na forma como a consultamos), para descobrir que havia escrito o nome de Woody Allen de maneira errada.

Além disso, fica a questão de que, muito provavelmente, as pessoas de épocas anteriores escolheriam viver na nossa época atual, em vez da delas. Quem não gostaria de ter uma visão do futuro?

É certo que, em alguns momentos da história da humanidade, houve períodos de brilhantismo mais exacerbado dos seres humanos. Em todos esses momentos, mudanças no modo de produção ajudaram a criá-los. Começamos a ver isso na transição entre meios de produção, como, por exemplo, do comunismo primitivo para o escravismo, do feudalismo para o modo de produção capitalista e, em um futuro próximo, para o socialismo. Em todas essas mudanças, houve um florescimento da cultura e da ciência, provenientes das transformações nos meios de produção. O exemplo mais conhecido dessas transformações até o momento é o período da Renascença que foi resultado da mudança do feudalismo para o capitalismo.

Parece-me que cada geração tem sua perspectiva única sobre como as coisas são e o que deveria ser melhorado. Sempre haverá algo faltando para a humanidade. Essa diferença com certeza irá diminuir muito quando a revolução socialista varrer o globo, mas tenho a impressão de que, depois que a poeira do socialismo assentar, mais uma vez entraremos nesse loop infinito de saudosismo. Talvez passemos a olhar para o futuro com mais paixão do que para o passado, visto que as perspectivas de melhoria serão infinitamente mais promissoras.


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