A verdade clara sobre a abolição da propriedade privada

Uma das coisas mais comuns que nós comunistas temos que conviver são os ataques repetidos ao direito da propriedade privada. Como se fôssemos abolir toda e qualquer propriedade privada significando que os smartphones, casas, carros e qualquer coisa de valor que constitui propriedade adquirida através do salário seja alvo das nossas “forças malignas”.

E isso permeia a sociedade que vivemos hoje tendo sua origem na ideologia burguesa que foi amplamente disseminada por ela mesma como a ideologia dominante de sua época. Não há como fugir dessa discussão quando estamos tentando disseminar as ideias do comunismo. Trata-se do nosso trabalho desmitificar esse tipo de ideia.

Acontece que seria uma tarefa fácil de se fazer caso as pessoas tivessem o mínimo de curiosidade e força de vontade para a investigação. Um dos livros mais lidos do mundo é o Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels, livro este que praticamente se trata da certidão de nascimento do comunismo cientifico, e nele encontramos alguns trechos interessantes que para facilitar a consulta extraímos aqui:

“A característica distintiva do comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas a abolição da propriedade burguesa. Porém, a moderna propriedade privada burguesa é a expressão final e mais completa do sistema de produção e apropriação de produtos, que se baseia em antagonismos de classe, na exploração de muitos por poucos.

Nesse sentido, a teoria dos comunistas pode ser resumida em uma única frase: Abolição da propriedade privada.

Nós, comunistas, fomos censurados pelo desejo de abolir o direito de adquirir pessoalmente propriedade como fruto do próprio trabalho de um homem, propriedade essa que é alegada ser a base de toda liberdade pessoal, atividade e independência.

Propriedade arduamente conquistada, auto-adquirida, auto-ganha! Você quer dizer a propriedade do pequeno artesão e do pequeno camponês, uma forma de propriedade que precedeu a forma burguesa? Não há necessidade de abolir isso; o desenvolvimento da indústria já a destruiu em grande medida e continua a destruí-la diariamente.

Ou você quer dizer a moderna propriedade privada burguesa?

Mas o trabalho assalariado cria alguma propriedade para o trabalhador? Nem um pouco. Ele cria capital, ou seja, aquele tipo de propriedade que explora o trabalho assalariado e que não pode aumentar, exceto sob a condição de gerar um novo suprimento de trabalho assalariado para nova exploração. A propriedade, em sua forma atual, é baseada no antagonismo entre capital e trabalho assalariado. Vamos examinar ambos os lados desse antagonismo.

Ser capitalista é ter não apenas um status puramente pessoal, mas um status social na produção. O capital é um produto coletivo e somente pela ação unida de muitos membros, ou melhor, em última instância, somente pela ação unida de todos os membros da sociedade, ele pode ser posto em movimento.

[…]

O que, portanto, o trabalhador assalariado apropria por meio de seu trabalho apenas basta para prolongar e reproduzir uma existência mínima. De forma alguma pretendemos abolir essa apropriação pessoal dos produtos do trabalho, uma apropriação que é feita para a manutenção e reprodução da vida humana, e que não deixa excedente para comandar o trabalho de outros. Tudo o que queremos eliminar é o caráter miserável dessa apropriação, sob o qual o trabalhador vive apenas para aumentar o capital e é permitido viver apenas na medida em que o interesse da classe dominante o exige.”

As pessoas podem contra argumentar dizendo que a ideia é boa mas não é o que constatamos na vida real nas diversas tentativas de implementação do socialismo pela história. Não gostaria de entrar nesses méritos, já muito bem defendidos por diversos teóricos marxistas. Meu objetivo aqui é simplesmente apontar que existe um erro ao se dizer que queremos expropriar tudo. De forma muito sucinta podemos apontar algumas coisas:

  1. A propriedade privada é estranha ao desenvolvimento humano e só foi implementada com o nascimento da sociedade de classes. Durante milhares de anos vivemos sem ela. Ela não é natural ao nosso desenvolvimento.
  2. A propriedade privada não é motivadora do progresso humano, se fosse assim não teríamos passado sequer da escravidão como método de produção de mercadorias.
  3. As deformações burocráticas das revoluções socialistas no período recente da historia são causadas pela estratégia errada em apoiar revoluções pelo stalinismo e contradição a um movimento internacionalista levando a criação de castas privilegiadas.
  4. Seu smartphone, sua casa e seu carro não estão na nossa mira.
  5. Leia o manifesto. Você pode se identificar com ele.

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